Há muito tempo futebol e política caminham juntos. Lado a lado no Brasil e no mundo. Mas em nosso país a influência da política é ainda maior. Talvez porque o brasileiro João Havelange presidiu a FIFA por muitos anos. Ou então, porque o genro dele, Ricardo Teixeira, esteja há frente da CBF por anos luz. Certo é que o tempo trouxe mudanças nessa relação. E principalmente, mudanças em quem enxerga de fora o relacionamento. Com a modernização dos veículos de comunicação e o advento da Internet, jogar sujeira por baixo do tapete ficou mais difícil. Principalmente com assuntos públicos, do povo, como o futebol. Nos últimos anos a CBF tem tomado atitudes estranhas. Entenda, não estou julgando se foram certas, erradas ou desnecessárias. Apenas acredito que tenham sido esquisitas.
Em 2010 o presidente da entidade, Sr. Ricardo Teixeira, apoiou Kléber Leite para a presidência do clube dos 13 – União dos maiores clubes do Brasil, criado em 1987. Mas quem venceu a eleição foi Fábio Koff, na verdade reeleito e apoiado principalmente por Flamengo e São Paulo. Logo os dois maiores vencedores de Campeonatos Brasileiros, com seis conquistas cada. Cariocas e paulistas que brigavam pela taça das bolinhas – destinada ao primeiro time campeão brasileiro três vezes consecutivas ou cinco alternadas. Até ali a CBF se esquivava do assunto porque não reconhecia o Flamengo como campeão de 1987 – o rubro-negro venceu a Copa União naquele ano, organizada pelo Clube dos 13 e não quis jogar contra o Sport, vencedor do Módulo Amarelo organizado pela CBF. A discussão da taça das bolinhas se arrasta desde 2007 quando o tricolor do Morumbi foi penta nacional.
Pois exatamente no dia seguinte após ver seu candidato derrotado no Clube dos 13, Ricardo Teixeira declarou o São Paulo como o primeiro pentacampeão brasileiro. O que dava o direito à equipe paulista de receber a cobiçada taça. O Flamengo esbravejou… Nada aconteceu. De lá pra cá a CBF reconheceu depois de muita luta dos clubes, diversos títulos nacionais do pasado como a Taça Brasil e o Robertão. Cutucando outra vez Flamengo e São Paulo, hexa brasileiros mas que deixaram de ser os dois clubes com maior número de títulos nacionais. Palmeiras e Santos passaram a ter oito cada um.
Na semana passada a taça das bolinhas foi entregue ao São Paulo pela Caixa Econômica Federal, que era responsável pelo troféu. E uma chuva de liminares caíram na justiça. Coincidência ou não nessa semana a Confederação Brasileira de Futebol e seu mandatário reconheceram aquele título brasileiro do Flamengo, legítimo. Requentando aquela história das bolinhas e, de novo, se eximindo de responsabilidades. Mais do que isso, a CBF coloca lenha na fogueira que hoje separa quem? Os dois maiores opositores de Ricardo Teixeira: São Paulo e Flamengo.
Do ponto de vista político, uma jogada de mestre. Do ponto de vista futebolístico, um gol contra. Porque essa história poderia ter sido resolvida há muito tempo e de forma menos traumática. Agora os dois clubes interessados no troféu brigam na justiça. Além disso, Botafogo, Fluminense, Flamengo e Vasco além do Curitiba, romperam com o Clube dos 13. Eles pretendem negociar diretamente os direitos de transmissão dos jogos deles. E o Corinthians se desligou do bloco pelo mesmo motivo. Enfraquecimento do Clube dos 13, que negocia o direito de imagem dos clubes e fortalecimento da CBF? Pode ser. O que vem por aí? Não sei. Apenas acredito ser nojo o que sinto dessa história toda. Infelizmente.
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