Ceará é o 8º do Nordeste em cadastramentos do PSF

quinta-feira, 1 de abril de 2010.
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Atenção básica: segundo a Sesa, dos 184 municípios cearenses, 154 possuem cobertura do Programa
HONÓRIO BARBOSA

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Utilização de serviços de saúde pelas mulheres ainda é baixo no Ceará
JOSÉ LEOMAR

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No Estado, apenas 59,6% dos domicílios foram cadastrados no Programa Saúde da Família, em 2008

O Ceará ficou, percentualmente, em penúltimo lugar do Nordeste em número de domicílios cadastrados no Programa Saúde da Família (PSF), com 59,6%. O Estado só superou a Bahia, apesar de estar a frente de estados de outras regiões, como São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. A maior parte das famílias atendidas pelo programa vive no Nordeste, que concentra 35,4% dos domicílios.

Os dados foram divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Suplemento de Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008.

Mais da metade dos brasileiros, cerca de 96 milhões de pessoas, estão cadastradas no PSF. Segundo a Pnad, o Saúde da Família é mais abrangente do que os planos de saúde, que atendem 25,9% da população.

Postos de saúde

Além disso, a pesquisa chegou à conclusão de que os postos de saúde são referência para atendimento no Brasil e também no Ceará. São as unidades mais procuradas pela população. Do total de 1.072 pessoas que buscaram atendimento no Ceará, 515 preferiram postos de saúde, o que representa um percentual de 48%, mais do que os consultórios particulares, ambulatórios ou hospitais. Cerca de 70% dos atendimentos foram pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

No Brasil, 56,8% costumam utilizar as unidades básicas de saúde em detrimento dos consultórios particulares (19,2%) e de ambulatórios de hospitais (12,2%). Segundo a pesquisa, os postos são frequentados, em sua maioria, por pessoas pertencentes às classes mais baixas.

A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) argumenta que a cobertura do PSF aumentou em 2009. A média do ano passado nos municípios cearenses foi de 70%. Dos 184 municípios cearenses, 154 possuem cobertura, de acordo com o secretário da Saúde do Ceará, Arruda Bastos.

Para ele, o Governo do Estado tem investido na atenção básica, mesmo sendo de responsabilidade dos municípios. "Estamos liberando o total de R$ 40 milhões do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop) para reformar, ampliar e equipar os postos de saúde", informou.

"Desde 2007, nós temos trabalhado na ampliação, na qualidade do PSF e na estruturação das unidades básicas de saúde", disse Arruda Bastos. Uma das dificuldades citadas pelo secretário é a falta de profissionais para enquadrar as equipes do PSF. "Mas o Estado tem oferecido a estrutura necessária para que eles se fixem no Interior".

O secretário acredita que a atenção básica seja o futuro da saúde pública. "É o que deve ser mais valorizado para evitar que pacientes tenham AVC (acidente vascular cerebral), infarto e tratem o diabetes".

De acordo com a coordenadora de atenção básica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Lídia Costa, o Programa Saúde da Família é uma determinação da política nacional para atenção básica. Em Fortaleza, a cobertura atual do PSF é de 42%, mas o desafio, segundo a coordenadora, é que a população é muito grande. "Já avançamos por sair da cobertura de 16,17% para de 42%, além disso, em 2009, chegamos a mais de um milhão de visitas domiciliares".

Prevenção

A professora do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria Valdenice Mota, acredita que investir na prevenção, que é feita por meio do Programa Saúde da Família e pela atenção básica municipal, é o caminho certo para melhorar a saúde pública. "Até porque o tratamento das doenças é mais caro do que a prevenção".

Para ela, os governos estão fazendo isso. "Uma maior procura pela atenção básica é um indicativo de que o sistema está voltando a funcionar".

CÂNCER DE MAMA E DE COLO DO ÚTERO
Mulheres não fazem exames preventivos


O número de mulheres que podem deixar de detectar câncer de mama e colo do útero ainda é grande no Ceará. O levantamento foi feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2008, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a pesquisa, feita entre mulheres acima de 25 anos, 66% das entrevistadas nunca fizeram mamografia, 45% nunca fizeram o exame clínico das mamas e 23% nunca fizeram o exame preventivo para câncer do colo de útero.

O dado é preocupante, já que os resultados em nível nacional revelam o contrário, entre 2003 e 2008, aumentou de 42,5% para 54,8% o percentual de mulheres brasileiras que fizeram exame de mamografia.

Em relação à média da região Nordeste, o Ceará se iguala quanto os exames clínicos feitos por médico ou enfermeiro, já as mamografias e exames de colo de útero são percentualmente inferiores.

Na avaliação do ginecologista Garcia de Souza Neto, da Sesa, os municípios do Interior ainda não tem a cobertura ideal voltada para a assistência integral à saúde da Mulher. "Sabemos que as unidades de saúde ainda tem que se adequar a realidade emergente, melhorando os postos, criando mecanismos de acesso aos exames de mamografia e citologia oncótica. Falta ainda uma campanha educativa para que nos próximos anos os resultados sejam melhores".

Sousa Neto ressalta que o exame "Papa Nicolau", preventivo para câncer de colo de útero é extremamente simples e necessário. "Não temos dificuldades em realiza-lo, nos 184 municípios cearenses existe aparato para isso. São baratos e eficazes. Os exames clínicos das mamas também podem ser feito em todos as cidades, por profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF)", completa.

Ainda de acordo com o representante da Secretária da Saúde do Estado, membros do PSF nos municípios serão qualificados para melhorar o atendimento à mulher por meio de um curso de atenção integral.

O Ministério da Saúde alerta que o câncer do colo do útero, também chamado de cervical, demora muitos anos para se desenvolver, por isso é importante a sua realização periódica do exame preventivo. Através dele, as alterações das células que podem desencadear o câncer são descobertas facilmente. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que surjam 1.660 novos casos de câncer de mama no Ceará em 2010 e outros 860 de colo do útero


LINA MOSCOSO E JANAYDE GONÇALVES
REPÓRTERES

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