HOMENAGEM: Isabella Nardoni - a justiça foi feita?

sexta-feira, 2 de abril de 2010.



Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados pela morte de Isabella Nardoni, 5 anos, e não poderão recorrer em liberdade à sentença. Alexandre cumprirá 31 anos, um mês e 10 dias de prisão em regime fechado. Por ser o pai de Isabella - praticou o crime contra descendente - teve pena maior do que a da mulher. Anna Carolina Jatobá foi condenada a 26 anos e oito meses de prisão. Pela fraude processual, os dois cumprirão ainda 8 meses de prisão em regime semiaberto e pagarão 24 dias multa. O advogado do casal Roberto Podval recorreu da sentença, mas reconheceu:
- O brilho da noite é do promotor Francisco Cembranelli - disse.
Os jurados concluíram que o casal praticou o crime (homicídio triplamente qualificado) usando meio cruel e que dificultou a defesa da vítima. O crime é agravado ainda por tratar-se de uma menor de 14 anos de idade. A sentença foi comemorada com fogos, palmas e gritos pela multidão que aguardava o anúncio do lado de fora do Fórum de Santana. A queima de fogos durou pelo menos três minutos
O pai de Alexandre, Antonio Nardoni, sentado ao lado da filha na primeira fila, chorou bastante.
Alexandre Nardoni foi levado ao plenário algemados. Tanto ele quanto Anna Carolina Jatobá choraram, mas um choro sem desespero, de quem já esperava pela condenação.
A família de Ana Carolina Oliveira se abraçou assim que a sentença foi anunciada, mas funcionários do fórum pediram para que eles não se manifestassem.
Com um discurso contundente e baseado em provas levantadas pela perícia, o promotor Francisco Cembranelli convenceu os sete jurados - quatro mulheres e três homens - de que Anna Carolina Jatobá agrediu e esganou a menina Isabella Nardoni e o pai dela Alexandre Nardoni a jogou do sexto andar do edifício London, na zona norte de São Paulo.
Já a defesa do casal feita pelo advogado Roberto Podval tentou sem sucesso desqualificar o trabalho feito pelos peritos. nesta sexta, último dia do júri, podval reconheceu que ficou intimidado com a experiência do promotor e afirmou que o julgamento do casal Nardoni foi um grande aprendizado para ele.
Podval reconheceu ainda que o promotor tinha razão em parte quando dizia que o advogado não conhecia o processo.
- O promotor não está de todo errado. Ele dizia ' você não conhece o processo'. Ele estava desde o início, eu não. Me chega um pai desesperado e pede que eu abrace a causa. O que é que eu fiz? Arrolo todas as testemunhas e depois vejo o que eu faço.
O promotor Francisco Cembranelli aproveitou sua explanação também para desconstruir a imagem de boa moça que Anna Carolina Jatobá tentou passar ao júri durante seu depoimento. Cembranelli disse que a madrasta de Isabella 'era um barril de pólvora prestes a explodir'. para ele, jatobá tem rompantes. Com problemas de pressão, Jatobá deixou o plenário e não acompanha os debates.
Segundo Cembranelli, a agressão à menina foi motivada pelo ciúme doentio que Jatobá sentia de Ana Carolina Oliveira. Nesse momento, a avó de Isabela e mãe de Ana Carolina, Rosa, que estava no plenário, começou a chorar. Chorou por cerca de dez minutos, amparada no ombro do marido, José Arcanjo, e consolada por um dos filhos.
Advogado dos nardoni usa frase de chico xavier, cita caso do sumiço da menina madeleine em portugal e implora atenção dos jurados durante sua explanação.
O promotor disse que todas as brigas do casal tinham o mesmo motivo: o ciúme doentio que Anna Jatobá sentia da mãe da menina. Cembranelli disse que a madrasta só se referia a Ana Carolina Oliveira como 'aquela vagabunda'.
- Como uma criança de cinco anos pode conviver com uma mulher que se refere à mãe dela como aquela vagabunda? questionou Cembranelli.
Cembranelli chamou Isabella de 'cópia em miniatura' de Ana Carolina Oliveira.
- Ela (Jatobá) poderia explodir contra si mesma, contra o marido como poderia explodir contra Isabella. Era ela quem quebrava vidraças, esmurrava o marido e atirava o filho no berço.
Com esses argumentos, o promotor quis mostrar aos jurados que Anna Carolina Jatobá poderia fazer contra a menina o que habitualmente fazia: agredir as pessoas.
Cembranelli chegou a citar o caso do jornalista Antonio Pimenta Neves, que matou a tiros a ex-namorada. a também jornalista Sandra Gomide, para exemplificar pessoas que cometem crimes sem premeditação.
- Nunca disse que o crime é premeditado, 75% dos crimes levados a grande júri não são premeditados. São os criminosos ocasionais - disse o promotor.
- Ela (Anna Jatobá) nunca planejou esmurrar um vidro, jogar um bebê no chão. Achar que pais não cometem violência contra os filhos é desconhecer as estatísticas
- Ela (Anna Jatobá) nunca planejou esmurrar um vidro, jogar um bebê no chão. Achar que pais não cometem violência contra os filhos é desconhecer as estatísticas.
Para comprovar que o casal estava dentro do apartamento quando a menina foi jogada, o promotor explicou a crononologia dos fatos no dia da morte e a sequência dos telefonemas ocorridos para comunicar a Polícia e a família de Alexandre Nardoni no momento em que o corpo da criança caiu do sexto andar do prédio.
- As informações dos telefonemas, todas cruzadas, demonstram que o casal estava no apartamento no momento do crime - disse o promotor aos jurados, que não desgrudaram os olhos de Cembranelli, que tem 22 anos de júri e atuação em mais de mil casos.
Para o promotor, a tese de uma terceira pessoa na cena do crime nunca foi factível.
- a inocência do casal seria absurda - afirmou.
( veja a cronologia dos telefonemas apresentada pelo promotor ao júri )
Segundo Cembranelli, o tempo que Alexandre levou para descer até o térreo foi o mesmo que o porteiro levou para avisar o vizinho Antônio Lúcio, morador do 1º andar do edifício London, e que o vizinho demorou para pedir socorro. Para ele, o casal estava estava no apartamento no momento em que a menina Isabella foi jogada do apartamento 62 do Edifício London.
A cronologia dos telefonemas, de acordo com o promotor, mostrou que a sequência de fatos apresentada pelo casal Nardoni não poderia ter verdadeira. Alexandre Nardoni diz que subiu com a filha no colo até o apartamento, a colocou na cama e voltou à garagem para pegar os outros dois filhos, que estavam com a mulher, no carro. Ao chegar, disse o casal, é que ele foi ao quarto e viu que a menina havia sido jogada.
O promotor questionou ainda o porquê de Alexandre Nardoni não ter ligado para o resgate. A primeira ligação de pedido de socorro foi feita pelo morador do 1º andar, que viu a menina caída.
- Ele fez o que qualquer um de nós faria, menos o pai: ligar para o resgate. É isso que se faz em uma situação de emergência. Eu pularia pela janela para defender meu filho, desceria as escadas, não ficaria apertando botão, esperando - disse.
O promotor Cembranelli lembrou que Isabella tinha características de asfixia mecânica típicas de esganadura no pescoço e que a menina não poderia ter sozinha se esganado. Disse ainda que uma testemunhas ouviu uma discussão entre um casal momentos antes da queda de Isabella e reconheceu que a voz era de Anna Jatobá.
Cembranelli elogiou o trabalho da polícia e dos cerca de 40 profissionais envolvidos na investigação do crime e chamou de "pífia" a defesa, além de se referir à advogada especializada em perícia, Roselle Adriane Soglio, que ajudou na defesa, como "perita trapalhona".
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Fonte: Noticias do Google
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